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PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE GANHA FORÇASTJ possui vasta jurisprudência sobre meio ambiente

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DECISÕES:  *STJ – Recicle, poupe, reutilize, preserve. As palavras de ordem dos ambientalistas já fazem parte do dia-a-dia dos magistrados e servidores do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Seja em políticas de melhor aproveitamento de recursos e reciclagem de resíduos seja no julgamento das questões seja na criação de relevantes jurisprudências, o Tribunal tem atuado na vanguarda da ecologia.

Uma jurisprudência importante introduzida pelo Tribunal foi a possibilidade de processar penalmente pessoas jurídicas por crime ambientais. O relator do processo em questão (Resp 564960), ministro Gilson Dipp, explica que, pela influência do Direito alemão, a Justiça brasileira considerava que a pessoa jurídica era incapaz de cometer ação penal relevante.

No caso julgado pelo STJ, um posto de gasolina lançava óleos, graxas e outros resíduos poluentes no leito de um rio. O ministro Dipp considerou que, pelo ângulo da responsabilidade social, ou seja, ações que afetam a sociedade em benefício de empresas, pessoas jurídicas poderiam ser responsabilizadas. "Além disso a própria Lei Ambiental (Lei n. 9.605/98) prevê penas, como multas e prestação de serviços para a comunidade, para pessoas jurídicas", comentou. Ele adicionou ainda que o artigo 225 da Constituição Federal garante como um direito a preservação do meio ambiente.

Uniformização da jurisprudência ambiental

O ministro Gilson Dipp destacou que o STJ tem sido bastante sensível às questões ambientais, mesmo quando, muitas vezes, a primeira e a segunda instância não o são. "O STJ é essencial para a uniformização da jurisprudência ambiental", comentou.

Outras decisões importantes do Tribunal são as que evitaram a degradação de áreas protegidas ambientalmente, como parques nacionais e áreas de preservação permanente. Entre os exemplos mais recentes, estão o processo que aceitou a denúncia contra pecuaristas que ocuparam áreas do Parque Nacional do Araguaia, em Tocantins (Resp 804918), e o que obrigou a empresa De Amorim Construtora e Obras Ltda. a interromper a exploração de uma pedreira e reparar o desmatamento de parte da Mata Atlântica no Paraná (Resp 677969).

Em outros casos, a própria União se tornou ré por falhar em seu dever de fiscalizar e proteger o meio ambiente. Foi o caso de uma ação de Santa Catarina (Resp 647493) em que mineradoras de carvão degradaram uma extensa área no sul do estado, sem intervenção do Governo. Com a decisão da Segunda Turma do STJ, as empresas e a União foram condenadas a investir na recuperação da área. Na avaliação do Ministério Público Federal (MPF), o custo seria de cerca de R$ 90 milhões.

Em outra ação de Santa Catarina (Resp 574219), a União teve que responder pela ocupação irregular de um manguezal próximo ao município de Joinville. Mesmo tendo conhecimento da ocupação por mais de cem imóveis de uma área ambientalmente protegida, as autoridades não tomaram providências.

Em outro julgamento, o STJ decidiu vetar a importação de carcaças de pneus usados para o país (MC 8586). Esse material seria usado para a fabricação de pneus recauchutados, mas boa parte dele não poderia ser usado, gerando resíduos de difícil tratamento ou disposição.

Lição de casa

Além dos julgamentos, o próprio Tribunal caminha para ser auto-sustentável ambientalmente. Inaugurado em dezembro de 2004, o Projeto STJ Ambiental centralizou várias iniciativas no âmbito da preservação dos materiais reutilizáveis. A gestora do projeto, Elaine Nóbrega Borges, destaca que o objetivo é reduzir em 20% o impacto ecológico das atividades da Casa. "Hoje já alcançamos cerca de 17%. Uma das nossas melhores marcas foi a reciclagem de lâmpadas fluorescentes, que em 2007 chegou a 100%", comenta. Elaine Nóbrega destaca que esse tipo de lâmpada é altamente contaminadora por ter mercúrio em sua composição.

A gestora também destaca que houve significativas reduções no consumo de água, papel e eletricidade, com uma média de 5% de queda. Ela destaca a reciclagem de papel como outro ponto forte do programa. "O Tribunal consome anualmente cerca de 37 mil resmas de papel. Uma parte considerável desse material é recolhido por meio de um convênio com uma associação de catadores", explica. Segundo Elaine Nóbrega, o STJ teria o potencial de ser um fomentador de atitudes ecológicas. "Pelo seu tamanho e influência, o STJ pode se tornar um exemplo de respeito ambiental na gestão pública federal", completou. 

FONTE:  STJ, 05 de junho de 2008.

 

 


 

MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOSConfirmadas medidas aplicadas a pichador

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DECISÃO:  * TJ-RS  –  Por unanimidade, a 8ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul negou provimento ao recurso de pichador. O Colegiado confirmou sentença do Juizado da Infância e da Juventude da Capital, que aplicou medida socioeducativa de prestação de serviços à comunidade e medida protetiva de tratamento psiquiátrico por uso de drogas.  

A prática da infração foi negada pelo adolescente, que alegou ter sido confundido com um grupo que havia pichado as paredes da parada de ônibus, pois estava nas proximidades do local. Disse que esperava o transporte coletivo para poder retornar á sua residência.

O relator do recurso, Desembargador José Siqueira Trindade, mencionou que, na época, um grupo pichava o muro do corredor da parada do ônibus quando a Guarda Municipal os abordou os adolescentes e os apreendeu em flagrante. Além disso, consta que um dos praticantes da infração relata estar junto com o apelante no momento da prática do ilícito, fora o fato de os guardas municipais não terem dúvidas quanto à participação do insurgente.

Tendo em vista os relatos citados, comprovando a materialidade e autoria da infração, não tendo praticada com violência à pessoa e sem registro de antecedentes, considerou corretas as medidas impostas.

Votaram de acordo com o relator, os Des. Alzir Felippe Schimtz e Claudir Fidélis Faccenda.

 


 

 

FONTE:  TJ-RS, 06 de junho de 2008.

DIREITO DE ESTUDAR É GARANTIDOEscola deve aceitar matricula de aluno

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DECISÃO:  * TJ-MG  –    Uma decisão da Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) determinou que uma escola municipal de Uberlândia aceite a matricula do aluno P.P.T. na primeira série do ensino Fundamental.

A escola não queria efetivar a matrícula do aluno alegando que P.P.T. não havia completado seis anos de idade até o dia 30 de junho, conforme determina a Resolução nº 770/2006, da Secretaria de Estado de Educação.

Inconformados, os pais da criança entraram na Justiça pleiteando a matrícula do filho. Na Primeira Instância foi concedida a segurança para que a matrícula fosse efetivada. O município recorreu, porém, o relator do processo, desembargador Roney Oliveira decidiu manter a sentença.

O magistrado considerou o fato de o aluno ter concluído o ensino pré-escolar. “É inadmissível que o aluno seja impedido de avançar em seus estudos, por se tratar a educação de garantia constitucional a ser prestada pelo Estado, que não criou limites etários mínimos ou máximos como condicionantes da matrícula das crianças”, disse o relator em seu voto.

Ainda segundo o voto do desembargador, caso o aluno repetisse a etapa do ensino em que se encontra, sua aprendizagem poderia ser comprometida, “além de lhe causar prejuízos de ordem psicológica, vez que o retirará do convívio com seus colegas de turma”.  Nº processo: 1.0702.07.357217-5/001(1)


FONTE:  TJ-MG, 06 de junho de 2008.

OFENSA ÀS NORMAS DE PROTEÇÃO AO CONSUMIDORPassageira esquecida durante viagem de ônibus é indenizada

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DECISÃO:  * TJ-DFT  –    Para julgadores, a conduta da empresa revelou descuido com normas de proteção ao consumidor

A Companhia São Geraldo de Viação terá de indenizar em R$ 1,5 mil uma passageira que foi esquecida em ponto de parada durante viagem interestadual. A condenação por danos morais foi confirmada pela 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal, que em julgamento unânime manteve a sentença do juiz do 1º Juizado Especial de Competência Geral do Núcleo Bandeirante. Para os julgadores, a conduta da empresa revelou descuido com normas de proteção ao consumidor.

No dia 15 de dezembro de 2006, a passageira estava viajando em ônibus da empresa ré, vindo da cidade mineira de Teófilo Otoni para Brasília. Segundo a autora do pedido de indenização, ao chegar em Belo Horizonte, foi solicitado aos passageiros que descessem por alguns instantes porque o ônibus precisava ser lavado. Ao retornar, constatou que o ônibus não estava mais no local. De lá, teve de ser embarcada em um ônibus com destino a Goiânia para só depois seguir viagem até Brasília.

A passageira alega que ficou abandonada, com frio, fome, sede e sozinha. Afirma que, por ser pessoa idosa, o ocorrido causou apreensão e revolta em toda a sua família. Para a autora, a situação aconteceu devido ao descaso da empresa, que não conferiu a lista de passageiros antes de seguir a viagem. Citada e intimada para a audiência de conciliação, a empresa não compareceu. Porém, ao tomar ciência da condenação, a ré recorreu da sentença, que foi mantida pela 2ª Turma Recursal.

De acordo com o juiz do 1º Juizado Especial de Competência Geral do Núcleo Bandeirante, é dever da transportadora prestar serviço adequado e conduzir os passageiros ilesos do início ao fim da viagem, com pontualidade, segurança, higiene e conforto. O magistrado destaca também que o fato de a empresa ter transportado gratuitamente a passageira não tem o efeito de afastar a incidência da responsabilidade objetiva e nem do dever de indenizar.

No entendimento do juiz, a conduta da Companhia São Geraldo de Viação revelou descuido com normas de proteção ao consumidor, visto que a passageira autora da ação judicial foi submetida à situação angustiante, caracterizando dano moral – já que atingidos os direitos da personalidade, conforme artigo 5º, V e X, da Constituição Federal –, abalando psicologicamente o seu bem-estar, sossego e tranqüilidade, cabendo à empresa o dever de indenizar, nos termos do artigo 6º, VI, da Lei 8.078/90.   Nº do processo:2006.11.1.005834-4


FONTE:  TJ-DFT, 05 de junho de 2008.

ACUSAÇÃO INFUNDADA GERA DANO MORALAcusado de roubo com base em depoimento de menores ganha indenização

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DECISÃO:  *TST –  A Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho negou provimento a recurso da empresa Transportes Guanabara, do Rio Grande do Norte, e manteve decisão que a condenou a pagar indenização a um motorista acusado por ela de roubo e estelionato, com base em depoimentos de menores.  

Após dez anos de contrato, o motorista começou a ter problemas na empresa, quando recebeu intimação policial para prestar esclarecimentos sobre denúncia de que estaria envolvido em dois delitos: um, de que estaria usando, em proveito próprio, o chamado “cartão de gratuidade”, e outro, de que teria trocado vale-transporte por passe estudantil, apropriando-se indevidamente da diferença em dinheiro. A acusação, feita por um fiscal da transportadora, com base em declarações de alguns menores que vivem no terminal rodoviário de Natal (RN), levou a transportadora a registrar ocorrência policial.

Após o depoimento, sem qualquer comprovação de sua participação nos delitos, o motorista continuou na empresa por seis meses, até ser demitido sem justa causa. Foi quando entrou com ação trabalhista, requerendo indenização por danos morais. Argumentou ter sido vítima de acusação infundada e de ter sido constrangido duas vezes: por ter de se apresentar na delegacia de polícia e por ser mantido “na reserva” da transportadora, expondo-se aos comentários dos colegas.

Inicialmente, a sentença lhe foi desfavorável. O juiz da 5ª Vara do Trabalho de Natal considerou que a transportadora não teria como ser responsabilizada, pois o fato de o motorista ter sido chamado a depor na delegacia foi mera conseqüência das declarações dos menores. Ele entrou com recurso e obteve a reforma da sentença. O Tribunal Regional do Trabalho do Rio Grande do Norte reconheceu o dano moral e estipulou indenização no valor de R$ 10 mil.

A empresa apelou ao TST na tentativa de reverter a decisão do TRT. Sustentou que registrar a ocorrência policial, como fez, é um direito seu e não configura ato ilícito que justifique a condenação por dano moral. O relator da matéria, ministro Walmir Oliveira da Costa, rejeitou o recurso. Ele observou que o TRT, com aparo no código civil, verificou os requisitos para o reconhecimento do dano moral, tal a repercussão das acusações na vida pessoal e profissional do empregado.  

Quanto à alegação da empresa de que estaria agindo no exercício regular de seu direito, o ministro assinalou que está claro, no acórdão do TRT, que o empregador não se limitou a solicitar a investigação sobre a veracidade de suas suspeitas, mas imputou ao trabalhador, de forma nominal, os delitos a ele atribuídos, incorrendo, assim, em abuso de direito. (RR 1712/2006-005-21-00.7)


FONTE:  STJ, 05 de junho de 2008.

RESPONSABILIDADE CIVIL GERA INDENIZAÇÃOBanco é condenado a pagar cheque sem fundo de seu cliente

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DECISÃO:  * TJ-SC  – A 1ª Câmara de Direito Civil do Tribunal de Justiça, em apelação sob relatoria do desembargador Carlos Prudêncio, condenou o Banco do Estado de Santa Catarina (BESC) ao pagamento dos valores – devidamente corrigidos – de um cheque devolvido por insuficiência de fundos do seu emitente.

“A questão em debate não será tratada sob a ótica do direito cambiário (…), mas sim sob o enfoque constitucional (…), para responsabilizar civilmente o banco por descumprimento de um dever, com a incidência do Código de Defesa do Consumidor”, explicou o magistrado, em seu voto.

Para o desembargador Prudêncio, as instituições financeiras auferem lucros fabulosos a partir do oferecimento de diversos serviços bancários, entre eles o contrato de conta corrente. Com a simples apresentação de carteira de identidade, CPF e atestado de residência, completa, o cidadão vira correntista e passa a dispor de talonários de cheques para efetuar suas transações comerciais.

“Os bancos, agindo sem cautelas efetivas no fornecimento de cheques a seus clientes, pensando tão-somente na maximização de seus lucros e no cumprimento de metas exclusivamente capitalistas, acabam prestando um serviço viciado.

Digo viciado por que ao não ter qualquer espécie de controle sobre a liberação dos cheques, hoje retirados em qualquer caixa eletrônico e em quantidade ilimitada, está-se incitando o calote geral, mascaradamente, para obter lucro quando cobra tarifa por cada cheque devolvido sem provisão de fundos”, anotou Prudêncio.

Segundo o raciocínio do magistrado, os bancos ganham tanto com a manutenção da conta corrente quanto com a devolução dos cheques sem fundo. Por isso, em seu entender, não é justo que se eximam de indenizar os infelizes portadores dos cheques sem provisão.

“Eles detêm todos os instrumentos para vedar o locupletamento ilícito do emitente, devendo melhor analisar as condições patrimoniais destes antes do fornecimento de talões”, concluiu. No recurso em questão, o Besc terá que pagar R$ 341,00 acrescido de correção monetária e juros moratórios em benefício de Cristiano Pires Pereira.

O magistrado lembrou que o banco tem, a seu dispor, o direito de regresso no sentido de cobrar tais valores do correntista inadimplente. A decisão da 1ª Câmara de Direito Civil do TJ foi por maioria de votos. (Apelação Cível n. 2005.005907-7).

FONTE:  TJ-SC,  06 de junho de 2008.


 

PLC nº 132/07 rompe a espinha dorsal da Lei de Responsabilidade Fiscal

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* Kiyoshi Harada

A LRF, partindo da observação da realidade financeira do Estado, dedicou especial atenção às despesas com pessoal e às despesas com o serviço da dívida, prescrevendo rígidos mecanismos de contenção dessas despesas.

Ocorre que, a LRF foi aprovada a toque de caixa em razão das pressões internas (clamor popular quanto aos gastos imoderados) e das pressões externas vindas, principalmente, do FMI, órgão internacional de monitoramento de países devedores.

Assim é que o art. 18 da LRF conceitua o que seja despesa total com pessoal, de sorte a assegurar a aplicação uniforme desse conceito no âmbito nacional.

Em seguida, o art. 19 fixa limites máximos com as despesas com pessoal para os três entes políticos: a) União = 50% da receita corrente líquida; b) Estados e Municípios = 60% da respectiva receita corrente liquida. O § 1º desse art. 19 flexibiliza esses limites máximos, permitindo a exclusão das despesas arroladas em seus incisos I a VI.

Finalmente, o art. 20 fixa limites por Poder. Na esfera federal, cabem ao Judiciário 6%; ao Legislativo 2,5%; ao Ministério Público 0,6%; e o restante 49,9 % ao Executivo. Na esfera estadual, cabem 3% ao Legislativo, 6% ao Judiciário, 2% ao Ministério Público e 49% ao Executivo. Na esfera municipal, cabem 6% ao Legislativo e 54% ao Executivo.

Para fazer respeitar o limite global, que tem base no art. 169 da CF, impunha-se a fixação de limites por Poder. É simples questão de exercício da lógica elementar.

O que se pode questionar é a inadequação desses limites parciais. Em relação ao Município, por exemplo, o próprio limite global acha-se exagerado, pois, ele não possui o Poder Judiciário. Seu limite apropriado seria de 52% da receita corrente líquida. Há, também, visível desproporção entre os gastos do Legislativo e do Judiciário, ante a realidade por todos conhecida.

Para dar eficácia a esses dispositivos, que prescrevem a observância de limites por Poder, o art. 23, § 3º da LRF estatuiu sanções institucionais ao ente político, na hipótese de superação desses limites por qualquer de seus Poderes, consistentes em: a) proibição de receber transferências voluntárias; b) proibição de obter garantia, direta ou indireta de outro ente; c) proibição de contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução de despesas com pessoal.

Pois bem, o PLC nº 132/07 confere seguinte redação ao citado § 3º do art. 23 da LRF:

§ 3º Não alcançada a redução no prazo estabelecido neste artigo, e enquanto perdurar o excesso, o Poder ou órgão que ultrapassar os limites definidos no art. 20 não poderá:…”

Substituiu-se a palavra “ente” (político) pela expressão “Poder ou órgão.”

Vale dizer, o Judiciário ou o Legislativo, ou ainda, o órgão ministerial, que ultrapassar o respectivo limite, não poderá receber transferências voluntárias, obter garantias de outro ente político e nem contratar operações de crédito.

Aparentemente, a propositura legislativa tem amparo no bom-senso ao livrar das sanções o ente político, como um todo, por infração praticada por um de seus Poderes.

Ocorre que, todas as sanções previstas no referido § 3º, do art. 23 só tem aplicação, em última análise, ao Poder Executivo. Ao que saibamos, o Poder Judiciário, o Poder Legislativo e o Ministério Público não recebem transferências voluntárias, nem são beneficiários de avais em operações de crédito, que não podem realizar.

A contratação de dívida pública é prerrogativa apenas do Executivo, em nome do ente político ou do Estado Federal Brasileiro, em caso de dívida externa.

Esse fato, cremos, não deve ter passado desapercebido pelos senhores parlamentares. Por isso, acreditamos que as torneiras das inesgotáveis fontes de receitas públicas foram reabertas para financiar as gastanças públicas.

Do contrário, a proposta legislativa estaria instituindo sanções específicas adequadas, a serem aplicadas a cada Poder que infringir o limite legal. Outra alternativa seria a de rever os percentuais de despesas máximas por Poder à luz da realidade.

Assim procedendo remover-se-iam os obstáculos e dificuldades hoje existentes, sem necessidade de quebrar o objetivo principal da LRF de promover o equilíbrio das finanças públicas e possibilitar ampliação das despesas de capital, notadamente, as de investimentos, destinadas a assegurar qualidade de vida às gerações futuras.

 


 

REFERÊNCIA BIOGRÁFICA

Kiyoshi HaradaEspecialista em Direito Tributário e em Ciência das Finanças pela FADUSP. Professor de Direito Tributário, Administrativo e Financeiro. Conselheiro do Instituto dos Advogados de São Paulo. Presidente do Centro de Pesquisas e Estudos Jurídicos. Ex Procurador-Chefe da Consultoria Jurídica do Município de São Paulo.

E-mail:  kiyoshi@haradaadvogados.com.br

Site: www.haradaadvogados.com.br  

TRANSPORTE IRREGULAR DE DINHEIRO GERA DANO MORALBancária que transportava valores de táxi será indenizada pelo Itaú

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DECISÃO:  * TST  –  Por transportar valores de até R$ 200 mil, em média três vezes por semana, de táxi, entre cidades do interior de Goiás, uma ex-funcionária do Banco Itaú receberá indenização por danos morais. Ao julgar recurso da trabalhadora, a Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho restabeleceu sentença da 4ª Vara do Trabalho de Goiânia (GO), mas reduziu o valor da indenização inicialmente arbitrado, de R$ 1,7 milhão, para R$ 50 mil.  

A reclamação trabalhista começou na 4 ª Vara do Trabalho de Goiânia. Nela, a bancária explicou que, na condição de preposta do Itaú perante o Banco Central, era ela quem levava e buscava dinheiro nas agências das cidades de Damolândia, Inhumas, Brazabrantes e Nerópolis. Os valores, que variavam de R$ 60 mil até mais de R$ 200 mil, não eram transportados em carros com segurança, e sim de táxi, e a trabalhadora era instruída, segundo alegou, a não especificar o conteúdo do que transportava. Testemunhas confirmaram que o dinheiro era transportado “em bolsas, malotes e de todo o jeito”, às vezes escondido debaixo do banco do táxi. O medo que sentia resultou em problemas psicológicos, com perturbação “na tranqüilidade, nos sentimentos, nos afetos e no medo de morrer em um assalto.”

A sentença de primeiro grau foi reformada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (GO), que, ao julgar recurso ordinário do banco, excluiu da condenação a indenização por dano moral. Prevaleceu, no TRT/GO, o entendimento de que o dano, no caso, “era apenas possível, potencial, pois há pessoas que não se sensibilizam e outras sim, com o perigo de transportar valores”, e que caberia à trabalhadora provar a ocorrência dos abalos morais que sofreu.

Ao recorrer ao TST, a bancária sustentou que o Itaú a expunha a riscos desnecessários e imprevisíveis, passíveis de indenização. Afirmou ter sofrido forte abalo moral diante do fato de ser mãe e do medo dos assaltantes, e sustentou também que o banco descumpriu deliberadamente a Lei nº 7.102/1983, segundo a qual o transporte deve ser feito por pessoa ou empresa especializada ou pelo próprio estabelecimento, desde que organizado e preparado para tal fim, com pessoal próprio, com curso de formação de vigilante autorizado pelo Ministério da Justiça.

A relatora da revista, ministra Rosa Maria Weber, destacou que não se tratava, no caso, de presunção de dano moral, e sim da efetiva configuração do prejuízo extrapatrimonial experimentado pela bancária. A ministra rejeitou o entendimento do TRT/GO e lembrou que, ainda que a vítima, por razões pessoais, suporte bem as dificuldades, permanece a necessidade de condenação: a indenização também tem uma finalidade pedagógica, já que alerta o infrator e a sociedade para as conseqüências do desrespeito às regras de segurança e saúde no local de trabalho. O valor de R$ 1,7 milhão, porém, foi considerado excessivo. Em atenção aos princípios da proporcionalidade, da razoabilidade e da vedação do enriquecimento sem causa, a Turma, por unanimidade, reduziu-o para RS 50 mil. (RR-1987/2006-004-18-00.0)


 

FONTE:  TST,  04 de junho de 2008.

Caixa Econômica Federal é condenada a indenizar funcionária por acidente de trabalho

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DECISÃO:  * TJ-DFT  –  Para desembargadores, empregado e empregador têm obrigação de resguardar a segurança no trabalho

A Caixa Econômica Federal foi condenada a indenizar uma funcionária aposentada por invalidez em decorrência de acidente de trabalho. Pastas de arquivo caíram de um armário sobre a funcionária, resultando na perda da mobilidade de seus membros. A 6ª Turma Cível do TJDFT manteve os danos materiais fixados pela Vara de Acidentes do Trabalho em R$ 377.678,70, pagos de uma única vez, além dos danos morais no valor equivalente a 150 salários mínimos vigentes na data do pagamento. Segundo os desembargadores, empregado e empregador têm obrigação de resguardar a segurança no trabalho.

O acidente de trabalho ocorreu no dia 28 de fevereiro de 1997 e resultou na aposentadoria da vítima. Segundo a autora da ação de reparação de danos, o fato aconteceu por culpa exclusiva da Caixa Econômica Federal, que não possuía mobiliário adequado ao acondicionamento das pastas e não instruiu seus empregados sobre a forma correta de guardá-las. Apesar de admitir que as condições da mobília que acondicionava as pastas estavam precárias, a empresa ré sustenta que houve culpa exclusiva da autora, que não agiu com a necessária prudência ao manusear as pastas de arquivo.

Para os julgadores, se ambas as partes agiram com negligência e em conjunto contribuíram para o infortúnio, deve ser reconhecida a culpa concorrente. “O acidente gerou conseqüências, com a autora sofrendo de deformidade permanente nos membros do corpo, como reconhecido por laudo pericial, gerando, inclusive, sua aposentadoria acidentária. Sendo assim, a empresa deve responder pelos danos materiais e morais gerados pelo evento, sempre se ponderando, na elaboração do quantum indenizatório, que a vítima concorreu para o acidente”, afirma o relator, desembargador Jair Soares.

De acordo com o relator, ao manter móvel impróprio para uso no local de trabalho, a Caixa Econômica Federal sujeitava os empregados ao risco de acidentes. Contudo, ressalta que não se pode isentar a culpa da funcionária por completo, visto que sendo dela a tarefa de acondicionar as pastas de arquivo sabia das condições do armário. O desembargador ressalta que incumbe ao trabalhador colaborar na segurança do trabalho, pois muitas vezes problemas estruturais que comprometam a segurança e a saúde dos empregados só serão de conhecimento do empregador caso o empregado os denuncie.  Nº do processo:2003.01.1.063343-3


FONTE:  TJ-DFT,  03 de junho de 2008.

DIREITOS À VIDA E À SAÚDEJuíza de Alta Floresta se mobiliza para garantir direito à saúde

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DECISÃO:  *TJ-MT  –  A garantia dos direitos à vida e à saúde da população tem sido destaque na Comarca de Alta Floresta. Com dois meses e meio de atuação junto à 1ª Vara Cível da Comarca, a juíza Milena Ramos de Lima e Souza já deferiu seis pedidos de liminar para a disponibilização de UTI aérea para transporte de pacientes até Cuiabá, a maioria de vítimas de acidente de trânsito. Também foi assegurado a esses pacientes o direito a uma vaga no leito de uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).  

Segundo a magistrada, o município de Alta Floresta não possui UTI, por isso a necessidade do transporte dos pacientes em estado grave para outro local onde haja vaga disponível, preferencialmente para a Capital. "O pedido do Ministério Publico ou da Defensoria é analisado imediatamente. E no mesmo dia o Estado cumpre a liminar, encaminhando o avião da UTI móvel para Alta Floresta. Aqui não temos opção, pois não existem leitos de UTI", afirmou.            

Neste último final de semana, a juíza Milena Souza analisou dois novos pedidos, envolvendo pacientes com traumatismo crânio-encefálico, vítimas de um acidente de trânsito. "No mesmo dia veio a UTI aérea. Essa medida é muito importante para garantirmos o direito fundamental à vida, já que na maioria dos casos é necessária intervenção judicial para compelir o Poder Publico a disponibilizar o transporte do paciente via UTI aérea, bem como a internação do paciente em leito de UTI no local disponível", ressaltou.

E foi justamente por esse trabalho desenvolvido à frente da vara cível que a magistrada foi agraciada com uma Moção de Congratulação concedida pela Câmara de Vereadores. A honraria, de autoria do vereador Paulo Florêncio da Silva, foi aprovada na sessão ordinária do dia 27 de maio em função do relevante trabalho prestado em Alta Floresta. Segundo o vereador, a juíza tem desenvolvido trabalho responsável e preocupado com os cidadãos do município.  

"Ela é digna de nosso respeito e gratidão por sua dedicação e competência. Um dos trabalhos que nos deixam mais satisfeitos e gratos é a sua dedicação na disponibilização de UTI aérea para transporte de pacientes a Cuiabá. Infelizmente, sua intervenção tem sido freqüente em razão da dificuldade de vaga na Capital e os diversos casos de acidentes graves em nossa cidade, com vítimas em estado gravíssimo, muito delas sendo salvas graças ao trabalho da Dra. Milena. Que Alta Floresta possa sempre estar amparada por profissionais com a competência e dedicação da juíza Milena Ramos de Lima e Souza", afirmou o parlamentar.

A magistrada tomou posse em novembro de 2004 e foi vitaliciada em dezembro de 2006. ‘Me senti extremamente honrada por saber que tenho contribuído para garantir o direito à vida e à saúde dos cidadãos altaflorestenses", afirmou a magistrada, que também jurisdicionou por três anos e meio na 5ª Vara de Alta Floresta (criminal) e por seis meses na Comarca de Vila Rica.


FONTE:  TJ-MT,  04 de junho de 2008.