Em defesa do Judiciário

OPINIÃO –

*Luiz Guilherme Marques –
O Consultor Jurídico (www.conjur.com.br) divulgou, em 29/04/2007, um artigo de GAUDÊNCIO TORQUATO intitulado Névoa na Justiça – Transparência do Judiciário brasileiro deixa a desejar.

No referido site foi mencionada a qualificação do articulista como jornalista, professor titular da USP e consultor político.

O texto é rico em informações, mas, no meu entender, ataca o Judiciário de forma injusta. O autor (pensei) ou não vive a realidade forense ou tem alguma birra contra os juízes.

Aliás, de um tempo para cá e, principalmente, no presente momento, tem sido cômodo falar e escrever verrinas contra o Judiciário.

Também, o clima criado por alguns setores da mídia propicia o linchamento da instituição que, na verdade, é a mais séria, qualificada e acreditável da vida republicana.

Mas o trabalho demolidor fica fácil, pois os juízes, voltados para suas funções, não aparecem nos jornais e na televisão, não sabem fazer propaganda institucional e muito menos idolátrica, como muitos homens públicos são especialistas em fazer. Não criam e nem incentivam fan clubs para aplaudi-los onde chegam. Simplesmente trabalham de verdade.

Tidos os juízes como únicos ou principais responsáveis pelas mazelas da vida forense, esquecem-se seus acusadores de levar em conta, por exemplo, as dificuldades criadas por alguns advogados quanto ao aspecto ético e até pelo despreparo profissional… Mais não devo falar sobre o assunto para não incidir na mesma indelicadeza praticada por muitos que analisam o Judiciário ofendendo uma classe inteira por conta de uns poucos profissionais realmente indignos.

Esquecem-se de considerar a verdade representada pelo interesse de determinados políticos em dificultar a atuação do Judiciário através de meios inclusive inconfessáveis, isso sem falar na edição de leis mal elaboradas ou inúteis…

Esquecem-se do desinteresse de muitos governos em pagar suas dívidas, instituindo o calote mais declarado, gerando verdadeira avalanche de ações que nunca terminam, e, quando isso acontece, ingressam na fila absurda dos precatórios…

Os críticos tendenciosos deveriam informar-se do quanto de dificuldades o Judiciário tem de vencer para realizar seu trabalho. Somente quem vive o dia-a-dia do foro tem noção do que representa trabalhar com as leis que temos e com limitação de recursos tecnológicos.

É fácil fazer críticas, ao invés de trabalhar pela melhoria das instituições; analisar, sem conhecimento verdadeiro do assunto, é tarefa que qualquer um pode se aventurar a fazer; mas, contribuir de forma realmente útil, é o que se espera de todos os que pretendem exercer a cidadania consciente.

E quanto aos profissionais da comunicação em geral, devem seguir o exemplo dos seus colegas mais gabaritados, que vão a fundo na pesquisa dos assuntos que abordam, para bem informar, ao invés de colher informes superficiais, os quais, muitas vezes, ao invés de ajudar a compreensão, confundem as pessoas…

Cada um tem o direito de falar e escrever livremente, numa sociedade democrática, mas tem o dever de conhecer o assunto que aborda.

 * Luiz Guilherme Marques: Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora (MG) 

  Site: www.artnet.com.br/~lgm

Redação Prolegis
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ISSN 1982-386X – Editor Responsável: Prof. Ms. Clovis Brasil Pereira.

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